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Com recorde de internações no Estado, Eduardo Leite suspende a cogestão

Maurício Araujo

Com o objetivo de conter o avanço da pandemia de coronavírus, o governador Eduardo Leite (PSDB) comunicou à Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) que o sistema de cogestão no modelo de distanciamento controlado está suspenso. Em uma reunião online com os prefeitos, o governador, a secretária estadual de saúde, Arita Bergmann, o vice-governador Ranolfo Vieira Jr. e assessores técnicos apresentaram dados alarmantes sobre o avanço da Covid-19 em solo gaúcho. Em todos os cenários apresentados, segundo o governo, este é o pior momento da pandemia no Estado.

Região de Santa Maria apresentou isolamento médio de 37,5% na última semana

A suspensão da cogestão vale a partir deste sábado até o domingo da semana que vem. Dessa forma, os prefeitos terão que aplicar as restrições de acordo com a bandeira definida pelo modelo de distanciamento e seguir o que dita a medida estadual. 

_ A minha decisão é pela suspensão da cogestão, mas para que essa decisão se efetive ela precisa dos prefeitos. Por isso estamos aqui para ouvir os prefeitos e saber se teremos essa parceira para atingir os resultados _ disse Leite.

Mais 13,1 mil vacinas contra a Covid-19 chegam para a região de Santa Maria

Ao explicar aos chefes do Executivo, representantes do governo apresentaram os dados sobre o agravamento das internações no Rio Grande do Sul. Neste momento, as internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) estão 3,2 vezes superior à média dos ciclos anteriores. De acordo com a secretária Arita, hoje, 60% dos gaúchos que chegam às UTIs morrem, sendo que em fevereiro este número está em 74%.

Pacientes já começam a ser transferidos em hospitais de Santa Maria

Emocionada, a secretária fez um desabafo, ressaltando aos prefeitos que, até esta quinta-feira, mais de 12 mil gaúchos já perderam a vida, e se continuar neste ritmo, a tendência é que se chegue a 200 mortes por dia. Assim, em 15 de março, seriam 15 mil vidas perdidas para a Covid-19:

_ Mais de 12 mil gaúchos já perderam a vida para a Covid-19, número maior do que a população de 351 municípios gaúchos. Diante desse cenário catastrófico, a necessidade seria abrir 60 novos leitos de UTI por dia, mas isso jamais será possível.

De acordo com o governo do Estado, nesta quinta-feira há 4.925 gaúchos internados (número maior que a população 230 municípios gaúchos).

PREFEITOS

Prefeitos de diversas regiões do Estado se manifestaram, e, apesar de muitos serem a favor da cogestão, afirmaram que vão acatar as decisões do governo para conter à Covid-19 no Rio Grande do Sul.

CICLOS DOS PICOS DE INTERNAÇÕES (leitos clínicos e UTI)

  • Primeiro ciclo (jul) - 64 média de internações por dia
  • Segundo ciclo (nov) - 67 média de internações por dia
  • Hoje - 246 média de internações por dia (variação segue aumentando com tendência de crescimento)

LEITOS DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

  • Primeiro ciclo (jun/jul/ago) - 9,6 internados/dia
  • Segundo ciclo (nov/dez) - 10,2 internados/dia
  • Hoje - 31,8 internados/dia
  • *A taxa atual de crescimento nas UTIs é 3,2 vezes superior à média dos ciclos anteriores

MORTES NAS UTIs

  • Média de mortes nas UTIs - 60%
  • Fevereiro - 74,94% morreram e 25,06% se recuperaram

LEITOS CLÍNICOS

  • Primeiro ciclo (jun/jul) - 28,5 internados/dia
  • Segundo ciclo (nov) - 23,4 internados/dia
  • Hoje - 103,5 internados/dia
  • * A taxa atual de crescimento nos leitos clínicos é quase 4 vezes superior à média dos ciclos anteriores

Ministério Público e Defensoria Pública emitem ofício apoiando a reavaliação da cogestão

O Ministério Público Federal em conjunto com o Ministério Público do Trabalho, a Defensoria Pública da União e a Defensoria Pública do Estado encaminharam, na quarta-feira, um ofício ao governador Eduardo Leite solicitando a reavaliação do sistema de cogestão no atual contexto da pandemia de Covid-19 no Rio Grande do Sul. As instituições afirmam aderir as considerações técnicas do Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à pandemia. Para embasar o ofício, foram feitas pelo menos 30 considerações em que são ressaltadas as preocupações com a velocidade da propagação do coronavírus em solo gaúcho e os indicadores que apontam para um possível colapso do sistema de assistência à saúde.

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Dentre as considerações estão informações prestadas pelo próprio Comitê Científico que emitiu no dia 19 e 21 de fevereiro documentos recomendando fortemente a suspensão do sistema de cogestão, além de pedir providências para aumentar o rigor das medidas de distanciamento físico e redução de circulação de pessoas, limitando aglomerações em locais fechados.

Em seus argumentos, as instituições ressaltam que, de acordo com o comitê: estamos na situação mais crítica desde março de 2020; o nível de ocupação de leitos de UTI e aceleração de internações clínicas ocorrem em velocidade sem precedente; e que na última terça-feira estavam internado 2.260 pacientes em leitos clínicos e 1.218 em leitos de UTI, sendo o maior valor desde o começo da pandemia. Também foram consideradas as expectativas de que mais 150 podem ser internadas clinicamente e 50 em UTI, por dia.

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HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

O ofício também considera a taxa de ocupação de leitos em hospitais públicos do Estado, dentre eles o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que no último domingo registrou taxa de 103,4%, e, desde o dia 14 de fevereiro, não baixa de 82,8%. No documento, as instituições ressaltam as preocupações do Husm, citando um ofício do Comitê de Operações Especiais - COE COVID-19/HUSM, que declara:

"Apesar da liberação do novo espaço da central de UTIs com plano de ocupação já definido, a capacidade de ampliação de leitos de intensivismo está limitada devido à falta de equipe assistencial com experiência para cuidado de pacientes graves e a necessidade de habilitação por parte do gestor. O HUSM tem contado com contratações emergenciais autorizados pela EBSERH, no entanto, enfrenta dificuldades pela falta de profissionais intensivistas capacitados para cuidado de paciente crítíco, tanto da medicina como da enfermagem, disponíveis para contratação" e que "há situações de desabastecimento de alguns insumos de uso frequente (tubos, sondas, medicamentos, luvas) ou ainda aqueles mais específicos para o manejo dos pacientes com Covid, por períodos decorrentes de atrasos e negativas de entrega por parte de fornecedores".


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